sexta-feira, 14 de novembro de 2008

TROPA DE ELITE

O filme que gerou polêmicas e curiosidades, também pode ser aproveitado para gerar reflexão. A propósito, somente quando nos deparamos com uma situação, ou adquirimos consciência dela, nos é possível pensar e/ou criar o seu oposto.
Foi exatamente a consciência que adquirimos da situação de morte e violência, que vem fazendo parte da humanidade a pensar e optar pela vida e pela paz.
Não se pode pensar a vida sem a morte, nem mesmo a paz sem a violência. Quando digo que adquirimos consciência é porque nossos olhos começaram a ver o que sempre esteve diante deles, mas não estavam preparados para ver. Talvez seja por ter essa visão que Jesus dizia: “Quem tem olhos para ver que veja; quem tem ouvidos para ouvir que ouça”.
Todo o processo de amadurecimento e humanização do homem veio preparando através dos tempos, os nossos sentidos para perceber as coisas, de forma a não promover escândalos generalizados. Mas gradativamente, de maneira que as pessoas assimilem e se tornem capazes de entender e aceitar os fatos. O que pressupõe uma evolução dos sentidos, que culturalmente leva à construção e reconstrução de conceitos e valores.
Ora, como falar de paz em uma sociedade em que a guerra é uma arte, como falar em solidariedade onde o status está na posse, como falar de Deus em uma sociedade materialista. É simples, de paz se fala por hobby, de solidariedade por ser exótico, de Deus se fala como forma de alcançar o que se deseja. Ou seja, a paz somente será possível quando o homem não mais se nutrir da guerra, quando a economia de países não mais depender da indústria bélica para ser hegemônica. A solidariedade quando for suprimida a idéia de posse, sinônimo de propriedade privada. Aliás, essa palavra não é a mesma que denomina aquele lugar onde nos escondemos para ocultar os resíduos da nossa máquina fisiológica? “Privada”, quem sabe é só uma coincidência. Quanto a Deus, quando percebermos que a matéria é o meio que temos para alcançá-lo, e não o contrário.
Como é possível ter soldados que defendam a vida, se o seu treinamento consiste exatamente em matar o humano que há em seu ser. Quando um soldado morre em combate, apenas se concretiza o que se iniciou em sua formação. Isto talvez explique porque os espartanos se lançavam à guerra sem se importarem com a morte, porque já estavam mortos, pela forma com que eram arrancados da família na infância e submetidos ao treinamento de guerra, para matar e morrer. Vários outros exemplos poderiam ser citados da atualidade, de situações em que os mortos se matam.
Por isso, Jesus disse: “Deixe que os mortos se ocupem dos mortos”. Quem se importa com a vida se ocupa e se compromete com situações e produz imagem que promovam a vida. Assim, a morte passa a ser um fenômeno natural e necessário, por ser uma etapa da vida, uma transformação natural que ainda não temos olhos para enxergá-la em sua magnitude.

Nenhum comentário: