quarta-feira, 12 de novembro de 2008

JOGO ABERTO

JOGO ABERTO

É sabido que um dos principais obstáculos ao processo ensino-aprendizagem é a fragmentação do saber, o desmonte promovido nas diversas áreas do conhecimento. Em torno disso se fala em interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e outros “palavrões”.

Vários pensadores estão neste momento empenhados, na busca de meios que apontem saídas desse labirinto. Apesar de muito já se ter produzido nesse sentido, sem conseguir suplantar o abismo que se criou entre o problema real, os envolvidos no problema e os envolvidos pelo problema. O fato é que quando nos apanhamos envolvidos por um problema, não conseguimos pensa-lo, mas pensamos o pensamento gerado por ele, e nos tornamos parte dele.

Parece um jogo de palavras, mas pouco será feito caso os envolvidos no processo educacional não se indaguem com sinceridade, se ele é alguém envolvido com o problema da educação, ou se é parte do problema.

O que pode ocorrer nesse caso é algo singular à natureza humana. Desde os primórdios da civilização, não gostamos de nos sentir “nus”, despidos e observados. Assim sendo, algumas raridades podem até admitirem ser parte do problema, mas certamente a grande maioria se ocultará.

Ademais, a qual critério observar para apontar ou se auto-perceber como parte do problema, e não alguém a serviço da sua solução.

Aqui vai uma dica: se você é um profissional que atua dentro da área estreita da formação que recebeu; não se envolve com os problemas de outras áreas; não lê sobre as novidades e conquistas de outros ramos do conhecimento; se assina seu ponto, cumpre o horário e o programa previsto, e sente-se com o dever cumprido. Você pode ser qualquer coisa, menos um educador.

No entanto, nada impede o seu despertar, a vontade é o que nos impulsiona. Uma mudança de hábitos na busca de novos saberes o tornará não só melhor profissional, mas também, melhor ser humano. Um ser mais inteiro, integrado no campo do conhecimento, com idéias e uma existência menos fragmentada, menos fragilizada. Tornar-se-á maior aos olhos dos companheiros de trabalho, e mais fortalecido em sua subjetividade.

O desvelamento da dinâmica do capital, da produção e do consumo(Marx), de alguma forma nos mostra como e porque as coisas chegaram a tal nível de degradação humana. Digo degradação porque acredito que, o que caracteriza o ser humano não é a postura erecta, mas a capacidade de ir além, de superar os limites do já dado. De forma que quando um “hominídeo” escolhe estudar um determinado ramo do conhecimento e torna-se refém das limitações daquela “área”, não conseguindo transpô-la para travar um diálogo com as demais áreas do conhecimento, ele não conseguiu alcançar essa dimensão humana do ir além. Portanto, apesar de sua condição social de diplomado, ainda é um “hominídeo”, ou seja, um humano em potência, ele é ainda, uma possibilidade que se concretizará caso consiga superar a arrogância lhe conferida pelo diploma.

Ora, o que isso tem a ver com dinâmica de produção? Não podemos esquecer trata-se de um processo dialético. À medida que, o homem produz, ele se autoproduz. E tem historicamente aplicado em sua autoprodução a mesma lógica utilizada na produção.

O desenvolvimento da linha de produção e da produção em série gerou um equivoco que deslocou o homem, do posto de criador do modelo de produção, para caracterizar-se como sendo mais uma peça do setor produtivo. Sendo somente uma peça, torna-se necessário seja produzido também em série para suprir a necessidade de reposição.

Pois, foi exatamente sobre essas bases que se estabeleceu o sistema educacional, público (em particular). As escolas passam a ser padronizadas e seriadas; o conhecimento, setorizado e fragmentado, gerando uma necessidade cada vez maior de especialização, aprofundando cada vez mais o abismo entre uma especialidade e outra. Obrigando-se assim, a erguer um altar para cada nova especialização, alimentando-se egos cada vez mais medíocres, na medida em que se distanciam da essência do conhecimento, que se desvela, quando este toma corpo e adquire sentido em sua complexidade.

Contrariando as aparências, o propósito aqui não é julgar a história, mas propor caminhos não redundantes, que não imputemos ao ser humano, a mesma dinâmica aplicada ao modelo de produção.

Pois, somos forçados a admitir que, a necessidade de revisão do modelo educacional, é conseqüência das mudanças ocorridas no setor produtivo, após insistentes críticas filosóficas quanto a “alienação e (dês) humanização do homem no trabalho”. O que poderá não sofrer alterações, caso não se dissocsie, quanto ao modelo, produção e autoprodução. Colocando-se a produção a serviço da edificação humana, e não mais o ser humano como meio de produção apenas. Que o sistema educacional esteja a serviço da edificação de um novo homem, capaz de olhar a sua volta e fazer conexões, ser capaz de desejar conhecer a dinâmica do real e o seu papel nesse contexto. Ao invés de reproduzir peças de reposição para o novo modelo de produção.

Em 1997, diante dessa mesma necessidade de reformulação do Ensino Médio, o Ministro da Educação da França, ao propor a Edgar morim, a realização das jornadas temáticas, foi de pronto advertido, de que, pouco se faria pelo Ensino Médio, caso não ocorresse uma reforma universitária. Por ser onde se formam os professores que atuarão no Ensino Médio.

Tal situação faz eco aqui no Brasil, e em vários países onde a industrialização ocorreu sob a égcorreu sob a ustrialiazaçrofessores que atuaraç ensino mnecçide do capitalismo.

Um comentário:

Martha disse...

Muito bom o seu texto Elias sobre a questão da fragmentação do saber e a reforma universitária, necessária para que algo de concreto se estabeleça,pois se os futuros educadores não sairem comprometidos desde a faculdade com a educação,nada poderá ser feito,porque a educação em si depende dos trabalhadores que irão atuar diretamente com os alunos e se eles não estiverem preocupados com os alunos, será muito ífícil romper com esse círculo vicioso.