"TODA A NOSSA EXISTÊNCIA É UMA BUSCA. MESMO QUE NÃO TENHAMOS CONSCIÊNCIA DAQUILO QUE BUSCAMOS."
domingo, 14 de dezembro de 2008
FIM DE ANO
Responsável - Rosemiro A. Sefstrom
http://www.sofilosofia.com.br/vi_sala.php?id=27
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
DIFICULDADE DE GOVERNAR
Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.
2
E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.
3
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.
4
Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?
"As revoluções se produzem nos becos sem saída." [ Bertold Brecht ]
http://www.astormentas.com/brecht.htm
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
PRINCÍPIO DE INCERTEZA E DEMOCRACIA
Nosso modelo educacional, apesar das críticas feitas ao regime militar, ainda é militarizado, ainda funciona obedecendo ao princípio da ordem e da hierarquia. Ou seja, somos conservadores, sentimos a necessidade de ter controle sobre o produto do nosso trabalho. Esquecendo que podemos direcionar, mas não podemos determinar consciências.
Numa linha de produção as anomalias são descartadas pelo controle de qualidade; na educação as “anomalias” obrigam a rever o processo de produção. Não podemos descartar seres humanos, mas descartamos métodos e receitas pedagógicas insatisfatórias. Isso, no entanto, sem nos desfazermos de nossas estruturas mentais que foram “formadas” dentro de uma “ordem”. Portanto, essas mesmas estruturas mentais são incapazes de perceber a desordem como algo positivo e necessário ao processo educativo criativo e edificante.
Nossos prédios escolares, projetados para atender a demanda da produção em série, reproduziu e continua reproduzindo o modelo fordista/taylorista na educação. Da mesma forma ocorre na organização da escola, onde até mesmo a disposição das carteiras na sala de aula continua militarizada, onde o professor “bom”, ainda, é aquele que consegue manter a turma sob controle.
A fragmentação do ensino em “matérias” separadas “independentes” foi uma adaptação das linhas de produção e montagem industrial, e que se generalizou em todos os níveis do processo ensino/aprendizagem.
Esse comentário se faz necessário para percebermos, que no caso da educação, a reforma de base não significa alterar a educação básica simplesmente, mas o ensino superior, que é de onde deve sair pensadores globalizados para atuarem nas séries iniciais, pensadores com uma nova estrutura mental para formarem uma nova estrutura nas bases.
Exercitemos pensar a longo prazo, porque o universo não tem pressa. Devemos aproveitar a aparente desordem para projetar uma ordem possível, e não determinada.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
PENSAMENTO POSITIVO OU AUTOCONVENCIMENTO
A proposta original foi assinalada por Jesus Cristo e outros sábios da antiguidade. Jesus nos advertiu de que quando tivéssemos a fé do tamanho de uma semente de mostarda seriamos capazes de transpor montanhas. A propósito, o que é a fé senão a positividade do pensamento e dos sentimentos, que dá ao ser a certeza de estar fazendo o seu melhor possível e que o retorno será o merecido, segundo a ordem natural das coisas, ou seja, a lei de causa e efeito.
O que distingue os dois casos e caracteriza “O segredo” como um equívoco é que ele confunde pensamento positivo com autoconvencimento. Ora o que caracteriza as neuroses é exatamente o autoconvencimento do indivíduo de que ele é inferior aos outros, de que é incapaz de superar obstáculos, que sua vida não tem sentido, que não é amado por ninguém, que os seus projetos (desejos) nunca serão realizados. Essa visão torna a idéia de pensamento positivo em uma neurose as avessas. Onde o indivíduo não faz o enfrentamento de seus medos e suas fraquezas, o que exige tempo, dedicação, disciplina. Contrário a isso, leva o indivíduo a pensar que basta, num curto espaço de tempo, convencer-se da positividade de seus pensamentos, e tudo começará conspirar a seu favor.
A proposta do Cristo é mais trabalhosa, menos mágica e mais eficiente. Pelo fato de não sugerir o autoconvencimento, mas o autoconhecimento. Como somos seres interativos, saber quem somos depende também conhecer o mundo ao qual pertencemos. É exatamente nessa busca que será erguido o edifício da fé pelo próprio indivíduo à medida que identifica e supera cada uma das causas de suas inquietações. Adquirindo consequentemente autoconfiança, e principalmente consciência de suas limitações. O que traduzido em bom senso, impede que o indivíduo nutra desejos (projetos) que estejam além de suas possibilidades e merecimento, diminuindo assim as chances de frustrações.
O filme “Quem somos nós” chega a passar a idéia de materialista, quando sugere que chegaremos ao ponto de não precisarmos de Deus e das religiões para explicar a vida. O fato é que de posse de tamanho potencial evolutivo o homem se sentirá integrado ao cosmo, e conseqüentemente participante da essência divina. Não precisará de guias, pois trará em si as respostas existenciais.
Situação esta que nos remete a outra fala de Jesus que demonstra já ter alcançado este estágio de evolução e integração com o cosmo e com Deus, quando disse: “Eu vim do Pai e ao Pai retornarei, Eu e o Pai somos Um”. Da mesma forma que afirmou “vós sois deuses, sede perfeito como vosso Pai é perfeito”. O apóstolo Paulo em sua carta aos efésios também afirma que todos alcançaríamos a estatura espiritual de Jesus Cristo. Eistein preconizou que a religião do futuro seria a religião cósmica, além de ser o precursor da física quântica que ainda em estágio embrionário já permite que cientistas menos vaidosos vislumbrem este portal espiritual que destruirá de vez, todo vestígio de materialismo.
A relação projeto/desejo é porque nossos projetos são feitos em função da realização de nossos desejos, que são expressão de nossos instintos egoísticos. E, portanto, voltados para nossa autorealização, e esse comportamento somente será alterado quando descobrirmos o outro, e, o outro se tornar o nosso projeto de vida, substituindo egoísmo por altruísmo. “O ser para si e para os outros”(Heiddeger).
terça-feira, 18 de novembro de 2008
FALEMOS DE GALINHAS E PROLETÁRIOS
O sistema capitalista fracassou, e sua filosofia consumista está levando o planeta à bancarrota. A escola é uma reprodutora dos ideais capitalistas, é um de seus aparelhos ideológicos. A escola é uma fraude, uma sabotadora.
A escola vem ao longo dos anos sabotando toda uma geração, tentando motivá-los, ou seja, incutindo nos indivíduos expectativas e desejos que jamais se realizarão, simplesmente porque não há lugar para eles nesse modelo de produção.
A escola vem tentando convencer galinhas, de que, podem se tornar avestruzes. Não consegue, e se pergunta onde está errando. O incrível é que não consegue encontrar a resposta. Isto porque realmente acredita que galinhas possam virar avestruzes, e se não conseguem é porque lhes falta vontade. Nesse caso a culpa do insucesso é das galinhas.
Ora, galinhas se realizam desenvolvendo as potencialidades da sua espécie, assim como todas as demais espécies, incluindo o ser humano.
É hora de pararmos com a hipocrisia de querermos ensinar proletários a pensar como burgueses. A burguesia não é mais modelo nem mesmo para sua descendência, pois os filhos da burguesia estão preferindo se drogar a herdar a superficialidade de seus pais. No fundo apenas optam pelas drogas ilícitas rejeitando as drogas instituídas.
Salvemos nossos jovens, salvemos o planeta, salvemos a nós mesmos. Comecemos a falar da vida real. Construamos um mundo real. Pensemos juntos, um modo de vida sustentável. E viável para todos.
Pensemos uma escola que faça o indivíduo pensar a partir do que ele é. Não mais, do que se espera que ele seja.
Felizmente uma revolução silenciosa vem acontecendo à revelia do sistema educacional. Os jovens estão naturalmente recusando as antigas estruturas, são eles os protagonistas das grandes alterações políticas que estão se processando em todo o globo, em particular na América Latina, e se fortalecendo ainda mais com a eleição de Barac Obama nos Estados unidos.
Essa geração se põe acima dos preconceitos tradicionais e apostam no novo, como não há nada de novo debaixo do sol, estão apostando no velho reformado. Ora falo da “antiga” bandeira do socialismo que foi capaz de se renovar, atualizar-se e principalmente humanizou-se.
Desesperadamente a mídia capitalista tenta conter este movimento resgatando a fotografia em preto e branco de um sistema totalitário que se intitulava socialismo, mas que se utilizou da mesma lógica imperialista do capitalismo e se autodestruiu.
Socialismo é sinônimo de solidariedade, companheirismo, paz e amizade. E esta é linguagem que os jovens estão aprendendo a falar, por ser uma linguagem globalizada, a linguagem do seu tempo.
OS DONOS DA MÍDIA
A opinião pública desprovida de uma reflexão ideológica é incapaz de fazer uma leitura real do que há por detrás dessa postura da mídia capitalista. Não é permitido ao público entrever que esse é o comportamento dos defensores das privatizações de determinados setores estratégicos para a manutenção da força do Estado, como forma de torná-lo impotente, e reduzido ao mínimo possível o seu papel na sociedade, é o chamado “Estado mínimo”. Minimizado, o Estado não oferecerá nenhum risco ao domínio das elites, caso a classe trabalhadora assuma o seu controle.
As classes dominantes sempre fizeram uso dos recursos do Estado em benefício próprio. Voltando-se contra o Estado somente quando percebem a iminência de esta força ser utilizada em favor da classe historicamente desfavorecida pelo modelo social, econômico e político definido pelos detentores do poder.
No dado momento que acusam o Estado de ineficaz, forçando a sua redução e restrição da sua atuação, não deixam claro, nem mesmo implícito, qual o setor da iniciativa privada assistirá à massa de excluídos, produto inevitável do modelo de produção capitalista. Modelo que, de tempo em tempo altera seus critérios de seleção de pessoal, excluindo automaticamente os indivíduos que não se enquadram no novo modelo de gerenciamento. Tornando-os invisíveis, logo que transformados em estatísticas.
Todo o mecanismo exclusivista capitalista opera assistido por um “advogado” chamado ideologia, que inverte a realidade, sendo capaz de transformar vítima em culpado, através do discurso da falta de capacitação profissional, da falta de especialização, faz com que o indivíduo se sinta culpado de não estar preparado para o novo modelo de gestão. A propósito, quem não conhece alguém que dormiu empregado e acordou desempregado, porque a empresa a qual servia resolveu mudar a equipe administrativa, tornando-o excedente – desnecessário – desempregado.
Mesmo assim, o indivíduo não percebe que foi uma vítima da lógica da produção capitalista, que não tem regras definidas para o humano, apenas define critérios para a produção, o lucro. A mesma lógica de enxugamento de pessoal aplicado nas empresas para aumentar a margem de lucro, sem se preocupar com o que será feito do novo desempregado, se pretende seja aplicado pelo setor público na mesma proporção, usando como argumento ser uma “necessidade” para a manutenção do próprio Estado.
O futebol, que aparentemente se utiliza de uma linguagem popular, ao contrário, reflete bem a lógica do mercado, onde ninguém é bom o suficiente para sentir-se seguro na posição em que se encontra. De um jogo para o outro, o técnico que começou bem o campeonato é dispensado porque perdeu dois jogos consecutivos; com a chegada do novo técnico, jogadores importantes no esquema anterior, já não têm lugar no novo time, não se enquadram no esquema tático do novo técnico, e são dispensados.
Voltando ao papel da mídia, agora fica mais fácil entender porque há tanto barulho nos meios de comunicação, denúncias e descontentamentos, que curiosamente não conseguem atingir o grande público e mobilizá-lo.
É simples, o grande público é a classe trabalhadora, que pela primeira vez na história do país, assiste à insatisfação das classes historicamente favorecidas pelos recursos do Estado, que nos últimos anos vem mudando suas prioridades. O que tem suscitado nesses grupos o receio de perder o controle do Estado, e que este, se mantenha sob o controle e a serviço da classe trabalhadora. Caso isso não tivesse ocorrendo, possivelmente estaríamos assistindo a receitas de bolo pobre em horário nobre. Isto porque nada teriam a mostrar, mas sim, a esconder.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
TROPA DE ELITE
Foi exatamente a consciência que adquirimos da situação de morte e violência, que vem fazendo parte da humanidade a pensar e optar pela vida e pela paz.
Não se pode pensar a vida sem a morte, nem mesmo a paz sem a violência. Quando digo que adquirimos consciência é porque nossos olhos começaram a ver o que sempre esteve diante deles, mas não estavam preparados para ver. Talvez seja por ter essa visão que Jesus dizia: “Quem tem olhos para ver que veja; quem tem ouvidos para ouvir que ouça”.
Todo o processo de amadurecimento e humanização do homem veio preparando através dos tempos, os nossos sentidos para perceber as coisas, de forma a não promover escândalos generalizados. Mas gradativamente, de maneira que as pessoas assimilem e se tornem capazes de entender e aceitar os fatos. O que pressupõe uma evolução dos sentidos, que culturalmente leva à construção e reconstrução de conceitos e valores.
Ora, como falar de paz em uma sociedade em que a guerra é uma arte, como falar em solidariedade onde o status está na posse, como falar de Deus em uma sociedade materialista. É simples, de paz se fala por hobby, de solidariedade por ser exótico, de Deus se fala como forma de alcançar o que se deseja. Ou seja, a paz somente será possível quando o homem não mais se nutrir da guerra, quando a economia de países não mais depender da indústria bélica para ser hegemônica. A solidariedade quando for suprimida a idéia de posse, sinônimo de propriedade privada. Aliás, essa palavra não é a mesma que denomina aquele lugar onde nos escondemos para ocultar os resíduos da nossa máquina fisiológica? “Privada”, quem sabe é só uma coincidência. Quanto a Deus, quando percebermos que a matéria é o meio que temos para alcançá-lo, e não o contrário.
Como é possível ter soldados que defendam a vida, se o seu treinamento consiste exatamente em matar o humano que há em seu ser. Quando um soldado morre em combate, apenas se concretiza o que se iniciou em sua formação. Isto talvez explique porque os espartanos se lançavam à guerra sem se importarem com a morte, porque já estavam mortos, pela forma com que eram arrancados da família na infância e submetidos ao treinamento de guerra, para matar e morrer. Vários outros exemplos poderiam ser citados da atualidade, de situações em que os mortos se matam.
Por isso, Jesus disse: “Deixe que os mortos se ocupem dos mortos”. Quem se importa com a vida se ocupa e se compromete com situações e produz imagem que promovam a vida. Assim, a morte passa a ser um fenômeno natural e necessário, por ser uma etapa da vida, uma transformação natural que ainda não temos olhos para enxergá-la em sua magnitude.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
RELAXA, EU EXPLICO
Proponho deixar de lado nosso orgulho e vaidade de seres pseudo civilizados, que não se permite recuar para rever conceitos. Principalmente conceitos que nos distanciam do estado de natureza que nos é próprio, e que nos esforçamos para negá-lo. Assim como, no nível pessoal negamos nossos complexos que acabam por se exteriorizarem em formas patológicas.
Precisamos sim, admitir os equívocos que cometemos, na tentativa de subjugar a natureza, acabando por negar a própria natureza humana. O que culminou na construção de modelos e padrões artificiais, tornando a própria vida artificial e sem sentido. Não estamos distantes do modelo de homem preconizado por Huxley em “Admirável mundo novo”. Criamos a produção em série, e achamos tão belo o que fizemos que, nos tornamos imagem e semelhança da nossa própria criação.
Num lapso de “loucura” alguns psicólogos sugerem o fim da adolescência. “Loucura acertada”. Eu explico! Parece desvario, mas é assim que muitos estão recebendo tal proposta, como loucura, simplesmente porque, acredita-se ser a adolescência um estágio natural, e não o é. A adolescência tornou-se um estado de latência artificialmente conduzido pela sociedade capitalista, onde se mantém o jovem “incubado” enquanto não se define o seu papel no mercado. É claro que nada disso está explícito, o que nos faz pensar que esta fase confusa e indefinida que vivenciamos após a puberdade é algo natural.
O que ocorre é que, nessa faixa etária não se tem clareza do próprio papel social. E quanto mais rápidas se processam as transformações no setor produtivo, mais indefinida se torna esta fase. Porque o indivíduo precisa se moldar segundo as necessidades do mercado que é indefinido por sua própria natureza.
A proposta é interessante porque pela primeira vez, após ter-se desencadeado o processo de produção capitalista estamos sendo obrigados a nos confrontar diante do espelho. Estamos diante da oportunidade de saber quem somos de verdade, ou pelo menos adquirir consciência desta “coisa” a que nos tornamos. Isso porque, a sociedade capitalista “coisifica” as pessoas, usa e descarta.
O momento é apropriado para nos redimir diante de nossos irmãos indígenas e aprender com sua cultura, em cujas sociedades não há a chamada adolescência, mas um ritual de passagem, através do qual se introduz o jovem índio às responsabilidades para com o grupo. Isto só é possível porque nessas sociedades existe clareza do que se espera desse jovem. Enquanto que na sociedade capitalista o jovem fica a mercê do mercado e suas tendências, as mais variadas. Orientadas segundo os interesses dos donos dos meios de produção, que, primeiramente definem como pretendem direcionar a produção, para em seguida, direcionar o sistema educacional para formar e selecionar aqueles que irão servi-los.
Nesse caso o sistema educacional se iguala às fabricas de peças de reposição para a manutenção do setor produtivo, perdendo assim o seu caráter humanizador.
A propósito, o objetivo deste ensaio é abordar a educação no seu aspecto mais amplo, e esta não se inicia na adolescência, mas a produz como consequência. E mais uma vez invoco aqui a organização indígena. Afinal, como é que uma criança aprende a ser índio? A resposta poderia ser que, na tribo a criança já nasce índio por ser filho de índio. Engano, a criança aprende a ser índio convivendo com índios. Índios das várias faixas etárias, todas pelas quais ela passará no decorrer de sua existência.
Observando o adulto a caçar, pescar, plantar. Aprenderá brincando de caçar e de pescar. Quanto ao plantar, possivelmente, jogará sementes em lugares os mais estranhos possíveis aos olhos de um adulto “civilizado”, mas que também estará enriquecendo sua experiência.
Contrariamente, nossas crianças são alienadas do convívio da família, que por sua vez, também é alienada em vários outros aspectos, por já serem frutos desse sistema, em que a alienação é a regra. A criança é terceirizada, seja aos cuidados de creches, jardins, pré-escolas ou babás. Quanto às babás há um agravante, não há o compromisso de transmitir nada à criança, apenas garantir que esta seja entregue inteira aos pais no fim do dia. E neste caso o melhor a fazer é induzir a criança a dormir, ou entretê-la com músicas e/ou programas infantis. Ou seja, não há uma programação efetiva para a construção da identidade da criança.
É exatamente na infância que o modo de produção capitalista mostra o quanto é perverso. O sistema se desenvolve na medida em que gera e consolida os nichos de mercado, de produção e consumo. E a infância se revela cada vez mais um excelente nicho de mercado. Logo, porque não prolongá-la.
Enquanto que nas sociedades indígenas existe uma relação natural da criança com os demais componentes do grupo, na sociedade capitalista criou-se um mundo à parte para a infância, artificialmente projetado, onde a criança não tem acesso às experiências vivenciadas pelos adultos. Portanto, pouco ou nada aprendem sobre o mundo dos adultos. Mesmo porque, quando crescer esse “mundo” não mais existirá, será algo novo, com novas demandas, que terá que enfrentar sozinho, porque seus pais também não reconhecerão esse novo mundo, apesar de terem ajudado a construí-lo.
Como vemos, é cômodo e interessante para o sistema manter o indivíduo infantilizado. O que se consegue manter artificialmente até a puberdade, quando os vícios do consumo já se encontram consolidados. Daí, basta conjugar os recursos promocionais para explorar os desejos instintivos que afloram nessa fase libidinosa, sedenta de novidades e realizações à curto prazo, ou melhor, imediatas. Que podem ser satisfeitas pela variedade de produtos MADE IN.... Ahh..., a educação! Educar para quê mesmo?
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
JOGO ABERTO
JOGO ABERTO
É sabido que um dos principais obstáculos ao processo ensino-aprendizagem é a fragmentação do saber, o desmonte promovido nas diversas áreas do conhecimento. Em torno disso se fala em interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e outros “palavrões”.
Vários pensadores estão neste momento empenhados, na busca de meios que apontem saídas desse labirinto. Apesar de muito já se ter produzido nesse sentido, sem conseguir suplantar o abismo que se criou entre o problema real, os envolvidos no problema e os envolvidos pelo problema. O fato é que quando nos apanhamos envolvidos por um problema, não conseguimos pensa-lo, mas pensamos o pensamento gerado por ele, e nos tornamos parte dele.
Parece um jogo de palavras, mas pouco será feito caso os envolvidos no processo educacional não se indaguem com sinceridade, se ele é alguém envolvido com o problema da educação, ou se é parte do problema.
O que pode ocorrer nesse caso é algo singular à natureza humana. Desde os primórdios da civilização, não gostamos de nos sentir “nus”, despidos e observados. Assim sendo, algumas raridades podem até admitirem ser parte do problema, mas certamente a grande maioria se ocultará.
Ademais, a qual critério observar para apontar ou se auto-perceber como parte do problema, e não alguém a serviço da sua solução.
Aqui vai uma dica: se você é um profissional que atua dentro da área estreita da formação que recebeu; não se envolve com os problemas de outras áreas; não lê sobre as novidades e conquistas de outros ramos do conhecimento; se assina seu ponto, cumpre o horário e o programa previsto, e sente-se com o dever cumprido. Você pode ser qualquer coisa, menos um educador.
No entanto, nada impede o seu despertar, a vontade é o que nos impulsiona. Uma mudança de hábitos na busca de novos saberes o tornará não só melhor profissional, mas também, melhor ser humano. Um ser mais inteiro, integrado no campo do conhecimento, com idéias e uma existência menos fragmentada, menos fragilizada. Tornar-se-á maior aos olhos dos companheiros de trabalho, e mais fortalecido em sua subjetividade.
O desvelamento da dinâmica do capital, da produção e do consumo(Marx), de alguma forma nos mostra como e porque as coisas chegaram a tal nível de degradação humana. Digo degradação porque acredito que, o que caracteriza o ser humano não é a postura erecta, mas a capacidade de ir além, de superar os limites do já dado. De forma que quando um “hominídeo” escolhe estudar um determinado ramo do conhecimento e torna-se refém das limitações daquela “área”, não conseguindo transpô-la para travar um diálogo com as demais áreas do conhecimento, ele não conseguiu alcançar essa dimensão humana do ir além. Portanto, apesar de sua condição social de diplomado, ainda é um “hominídeo”, ou seja, um humano em potência, ele é ainda, uma possibilidade que se concretizará caso consiga superar a arrogância lhe conferida pelo diploma.
Ora, o que isso tem a ver com dinâmica de produção? Não podemos esquecer trata-se de um processo dialético. À medida que, o homem produz, ele se autoproduz. E tem historicamente aplicado em sua autoprodução a mesma lógica utilizada na produção.
O desenvolvimento da linha de produção e da produção em série gerou um equivoco que deslocou o homem, do posto de criador do modelo de produção, para caracterizar-se como sendo mais uma peça do setor produtivo. Sendo somente uma peça, torna-se necessário seja produzido também em série para suprir a necessidade de reposição.
Pois, foi exatamente sobre essas bases que se estabeleceu o sistema educacional, público (em particular). As escolas passam a ser padronizadas e seriadas; o conhecimento, setorizado e fragmentado, gerando uma necessidade cada vez maior de especialização, aprofundando cada vez mais o abismo entre uma especialidade e outra. Obrigando-se assim, a erguer um altar para cada nova especialização, alimentando-se egos cada vez mais medíocres, na medida em que se distanciam da essência do conhecimento, que se desvela, quando este toma corpo e adquire sentido em sua complexidade.
Contrariando as aparências, o propósito aqui não é julgar a história, mas propor caminhos não redundantes, que não imputemos ao ser humano, a mesma dinâmica aplicada ao modelo de produção.
Pois, somos forçados a admitir que, a necessidade de revisão do modelo educacional, é conseqüência das mudanças ocorridas no setor produtivo, após insistentes críticas filosóficas quanto a “alienação e (dês) humanização do homem no trabalho”. O que poderá não sofrer alterações, caso não se dissocsie, quanto ao modelo, produção e autoprodução. Colocando-se a produção a serviço da edificação humana, e não mais o ser humano como meio de produção apenas. Que o sistema educacional esteja a serviço da edificação de um novo homem, capaz de olhar a sua volta e fazer conexões, ser capaz de desejar conhecer a dinâmica do real e o seu papel nesse contexto. Ao invés de reproduzir peças de reposição para o novo modelo de produção.
Em 1997, diante dessa mesma necessidade de reformulação do Ensino Médio, o Ministro da Educação da França, ao propor a Edgar morim, a realização das jornadas temáticas, foi de pronto advertido, de que, pouco se faria pelo Ensino Médio, caso não ocorresse uma reforma universitária. Por ser onde se formam os professores que atuarão no Ensino Médio.
Tal situação faz eco aqui no Brasil, e em vários países onde a industrialização ocorreu sob a égcorreu sob a ustrialiazaçrofessores que atuaraç ensino mnecçide do capitalismo.