segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O ESCAMBO DA EDUCAÇÃO

Seguindo o raciocínio de Freud em “Divagações de um estudante”, fica mais fácil a compreensão do comportamento de alguns alunos. Pois, percebe-se que boa parte deles se relaciona de forma muito carinhosa até, com alguns professores, enquanto são arredios e muitas das vezes até agressivos com outros. Agravando ainda mais esse comportamento quando o professor se impõe e cobra disciplina de suas turmas.
O que nos escapa às vezes é que os alunos nos identificam com a relação de autoridade que vivenciam em seus “lares”, trazendo para a sala de aula os conflitos internos da sua vida familiar. Transferindo para o professor o amor ou o ódio que alimenta em relação a seus genitores.
Considerando que a figura paterna tem deixado a desejar em suas atribuições, que segundo o próprio Freud é responsável pela formação do superego – estrutura da personalidade apropriada para lidar com as frustrações causadas pelo “não” – não justifica, mas explica em parte a dificuldade, não apenas das escolas, mas de todos os níveis institucionais que tem funções disciplinadoras, em lidar com os adolescentes. Devido à personalidade deformada na família pela ausência de algum dos atores responsáveis pela sua formação.
Deparamo-nos frequêntemente, com expressões do tipo “pãe”, por alguém que se diz exercer dupla função de pai e mãe, ou seja, supre as necessidades materiais e afetivas dos filhos. Sendo que, para satisfazer as necessidades materiais se ausenta do convívio com a criança ou adolescente, causando um grande vácuo afetivo, não detectável na própria família, por ser mascarado pelas aquisições de bens materiais que mantém uma relação de consumo entre “pães” e filhos.
Enquanto o adolescente tem financiada a sua aparência e garante a participação em um grupo da mesma faixa etária, não percebe a mutilação em sua personalidade. Isso apenas ficará perceptível para ele quando se deparar com níveis de autoridades que não se assenta na relação de escambo, de troca material.
O incrível é que, de alguma forma eles conseguem submeter a escola a seus caprichos, quando fazem com que o professor negocie com eles, atividades por notas. É a escola dando sequência a pedagogia do suborno, que se inicia na família.

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