"TODA A NOSSA EXISTÊNCIA É UMA BUSCA. MESMO QUE NÃO TENHAMOS CONSCIÊNCIA DAQUILO QUE BUSCAMOS."
terça-feira, 28 de julho de 2015
A FILOSOFIA POR DETRÁS DAS GRADES
Vamos pensar juntos, a condição em que se encontra a nossa querida, destemida, reprimida, amada e odiada Filosofia.
Esta palavra sempre incomoda um pouco, talvez por não ser apenas uma palavra, mas também por não ser um simples conceito. Afinal, sempre nos relacionamos muito bem com as coisas que temos domínio. Se conseguimos ter domínio completo, melhor ainda. Por isso construímos conceitos, delimitações que confortam o entendimento daquilo que em essência não sabemos o que é.
Mas, e aquelas coisinhas enjoadas que nos fogem ao controle? Que não cabem no espaço circunscrito de um conceito? Que nos oferece resistência para compreendê-las, apreendê-las, e assim dominá-las?
A palavra Filosofia é exatamente essa coisa desconcertante, que em sua significação já começa deixando uma dúvida cruel: (Filo) sou amigo? Ou sou amante? No desenrolar dessa relação confusa e indefinida surgem outras indagações: (Sofia) sou conhecimento ou sabedoria? Ou vice-versa?... Nada impede que seja as duas coisas! Conhecimento e sabedoria são sinônimos? Até que ponto conhecimento pode ser considerado sabedoria? Ou a partir de quando, conhecimento se traduz em sabedoria?
É...! Não é uma relação facilitada.
Mas afinal, essa coisa está aí faz muito tempo. Essa tal Filosofia. O que fazer? Ainda por cima de tudo, tenho que suportá-la obrigatoriamente. Afinal de contas, faz parte do aparelhamento escolar.
Esse tom de brincadeira, talvez nem tão filosófico assim, é somente a forma que encontrei para abordar o tema proposto. Que diga de passagem, intriga num primeiro momento, apesar de o termo “grade escolar” já ter sido questionado e considerado incomodo, sua substituição por currículo ou proposta, ainda não deu sinal de ter alterado o seu significado. E se me permitirem um aparte, gostaria de propor a substituição do termo obrigatoriamente por necessariamente. Mas isso é somente um aparte.
O que tenho questionado mesmo é, o que estamos fazendo com a filosofia que nos foi legada? E que legado filosófico deixaremos para as próximas gerações? Já que todo o esforço de retomada da tradição da filosofia nos currículos escolares tem se tornado o mesmo do mesmo que havia sem ele.
Precisamos todos nós enquanto professores de filosofia, que nos avaliemos em nossos propósitos e em nossos resultados. Ainda me pergunto, o que mesmo temos de diferentes, por sermos portadores de certificação filosófica? O que é o “mais” que temos a oferecer à nossa juventude, que eles já não o tenham? Se gostamos de conforto e bem estar, eles com certeza gostam ainda mais do que nós. Tanto gostam que desejam e buscam. Quanto a nós? Gostamos, mas é isto que desejamos e buscamos?
Ou temos o dever moral, enquanto praticantes dessa arte iluminativa das consciências (isto é coisa da minha cabeça), de sermos capazes de ilustrar sentidos mais elevados para a vida, para o ser de cada um.
E claro, isso só será possível se em nós, em cada um de nós existir realmente a convicção de que pensar a existência lhe amplia o significado.
Que não seja a nossa geração e nenhuma outra, a levar consigo a culpa de ter aprisionado esse pássaro, símbolo da liberdade, que é a filosofia. Que esse símbolo encerrado atrás das grades tome novamente sua dose de cicuta para que morrendo na prisão, renasça transcendente nas alma humanas sedenta de libertar-se de qualquer grilhão que perturbe o voo rumo ao melhor que puder ser alcançado.
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