"TODA A NOSSA EXISTÊNCIA É UMA BUSCA. MESMO QUE NÃO TENHAMOS CONSCIÊNCIA DAQUILO QUE BUSCAMOS."
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
O MUNDO COMO PROJEÇÃO HUMANA
Vários aspectos da nossa existência podem ilustrar o tema proposto. No entanto, o aspecto que considero mais em evidência é o ideológico. Já que o mesmo é responsável por grandes conflitos no nível das ideias, e também nos embates sociais.
Podemos caracterizar o capitalismo e o socialismo como uma projeção do nosso estado de natureza. Ou seja, trata-se da exteriorização de duas forças inerentes ao ser humano. Forças que coexistem em oposição uma à outra, e contraditoriamente complementares.
O capitalismo representa a energia instintiva que impulsiona o homem à conquista do mundo exterior, expressa na “vontade de potência” nietzscheana.
Foi sob a égide do capitalismo, apesar de toda a exploração do homem pelo homem, também preconizado no “Leviatã” de Thomas Hobbes e do débito contraído junto à natureza que se alcançou o progresso intelectual, científico e tecnológico em tão ínfimo espaço de tempo.
Em contrapartida, o socialismo representa a racionalidade impulsionada pela alteridade, que marca a saída do homem de seu estado psicológico de selvagem movido pelo espírito de competição e autopreservação, também presente nas demais espécies animais. Trata-se de um estágio de transição para a maturidade civilizatória que o faz vislumbrar um modelo de organização social humanamente viável, apoiada na cooperação e na planificação dos direitos, dos deveres e das oportunidades.
A exteriorização das forças instintivas na forma do modelo capitalista de produção gerou conformação entre o que predominantemente o homem é interiormente com as possibilidades de dar vazão e vivencia a essa natureza instintiva que o impulsiona para a sobrevivência a todo custo, e que se expressa na competição capitalista.
Essa conformação confere ao capitalismo uma plasticidade na forma como se adequa à adversidades, apresentando também características humanas de autossuperação.
Contraditoriamente a condição dialética gera sentimentos conflitantes que marcam a evolução humana. O desenvolvimento intelectual, científico e tecnológico alcançado, financiado pela acumulação capitalista, leva também ao desenvolvimento da capacidade perceptiva humana.
A percepção se desenvolve movida por vários fatores, entre eles está a pesquisa científica, que nos últimos séculos veio ampliando a visão humana sobre a natureza, sobre as dimensões do cosmo, etc., e consequentemente, essa busca por decifrar o mundo exterior leva a transformações interiores, alterando padrões de sentimentos, pensamentos e atitudes, segundo os paradigmas construídos/gerados na relação com os novos conhecimentos.
O socialismo se exterioriza, isto é, se projeta na forma de modelo de produção, como consequência das transformações intrínsecas da capacidade perceptiva do homem. A ampliação da consciência da própria condição existencial leva-o a perceber o outro como seu igual e portador dos mesmos anseios e necessidades. Nascendo assim, um anseio por uma coexistência e convivência dentro de um sistema harmônico e humanizado, ou seja, idealizado e coordenado pela razão humana, não mais condicionado pelo impulso instintivo/natural que também é responsável pela manutenção de todas as demais sociedades animais.
O complicador é que os gestores desses modelos são homens, e sua composição individual é formada por esse tecido contraditório que impactua o seu ser e vir a ser, o desejo de uma sociedade cooperativa e a sua própria natureza competitiva, ainda não superada.
O conflito interno entre essas duas tendências leva necessariamente ao conflito externo entre os dois modelos de organização social da produção. Que no palco da luta exterior o capitalismo vence o socialismo, mais por este ser apenas um protótipo de projeção de um sentimento ainda nascente e ainda não consolidado no homem (nos indivíduos).
Aparentemente vencido no plano externo, e agora invisível aos olhos dos representantes do seu oponente, se interioriza o conflito, o processo de humanização continua a luta no plano interior, atingindo as individualidades e se coletivizando. Atuando onde seu oponente não pode atingi-lo, operando mudanças estruturais no campo da percepção, transformando em sentimento, em motivação intrínseca o que antes aparentava imposição, pela forma com que foi gerido o protótipo socialista.
Esse aspecto psicológico da própria dialética vem minando o motor que move a luta de classes. A ampliação da consciência tanto individual como coletiva, vem enfraquecendo os focos de resistência que tentam impedir a ascensão humana a dimensões mais elevadas da sua existência.
Estamos assistindo socialmente e vivenciando internamente essa luta latente entre animalidade e racionalidade. Ao que tudo indica a vitória da racionalidade é inevitável por ser um caminho necessário para a concretização do homem integral no exercício de todas as suas potencialidades.
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Ao mesmo tempo em que a ciência física vem buscando desvendar o funcionamento do cosmo numa perspectiva macro, essa mesma ciência física vem fazendo um movimento oposto em direção ao micro, na tentativa de compreender a composição essencial da matéria constituinte do cosmo.
Esse movimento é consequência do desenvolvimento da física quântica, que tem apontado caminhos para o conhecimento dos limites da matéria, ou da sua falta de limites, acrescentando um possível estágio numa dimensão muito próxima do que até então é retratado pela intuição religiosa como espiritual. Sugerindo ao observador desses estudos, uma evolução, no sentido: animalidade, racionalidade, espiritualidade.
O diferencial em se falar de espiritualidade a partir de uma perspectiva científica é que, escapa à ideia de revelação ou iluminação, saindo do terreno do dogma para o da racionalidade, o que seria uma compreensão acessível a todos, e não a apenas alguns “escolhidos”.
Está aberto o caminho para um novo paradigma, e uma “nova” forma de expressão da nossa humanidade. Colocando em xeque todos os esforços exteriores para a transformação do mundo em algo melhor para se viver. Tantos os combates bélicos quanto os ideológicos se esvaziam de significação, pois a transformação do mundo em um lugar melhor será sempre uma consequência da transformação interior de cada ser humano. Nossos adversários são os nossos próprios demônios.
Coincidência ou não essas ideias já foram preconizadas por todos os grandes mestres que se têm registros na nossa história.
sábado, 15 de outubro de 2011
DIA DO PROFESSOR
A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA /
Atualmente se trabalha a formação do professor com foco no aluno, enquanto que quem deveria ser focado é o professor, o sujeito da formação.
Desse modo, o professor é percebido apenas como um vidro embaçado que se interpõe entre os idealizadores da educação e os alunos. Um espécime da qual os formadores nada procuram saber, como se fossem apenas autômatos no exercício de uma função para a qual estão programados.
O professor precisa ser percebido e reconhecido como gente, como pessoa que tem uma vida familiar, afetiva, espiritualizado ou não, que tem desejos e anseios de auto realização. Um ser que não sai da universidade pronto e acabado. Mas apto a continuar aprendo e evoluindo em seus conceitos. Que em sua vida passará por diversas etapas, sujeitos a conflitos, mudanças de ideias e atitudes, na medida em que amadurece como ocorre normalmente ao ser humano. Este profissional precisa urgentemente ser considerado em todos os aspectos da sua existência.
O trabalho que o professor desenvolve com seu aluno é consequência direta da forma com que ele for trabalhado. Se o mesmo receber afeto, será afetuoso, se sentir-se respeitado e valorizado como humano do seu tempo, naturalmente reproduzirá essa relação com seu aluno.
Ocorre que os formadores de professores e seus superiores imediatos, também são professores e pedagogos que foram formados ou “formatados” a partir de estudos de teorias educacionais voltados para a criança (pedos). Para atender a necessidades socioeducativas da criança. Não estando preparados para suprir as necessidades cognitivas e sociointerativas dos professores em sua diversidade. O que não permite que se desenvolva uma relação amadurecida e de respeito para com a trajetória de vida de cada profissional envolvido.
Isso torna cada encontro de “formação” em um apelo de submissão ao professor em relação ao que se espera dele, e não do que ele tem a oferecer. O discurso formativo é normalmente impositivo, recheado de imperativos, tipo: “o professor tem que...”.
Esses imperativos tornam-se um fardo insuportável, à medida que, não vêm acompanhados de nenhum retorno. Cobra-se que o professor cuide das pessoas, mas ninguém se propõe a cuidar do professor, a torná-lo socialmente visível.
O profissional da educação do século XXI tem recebido o mesmo tratamento dispensado aos operários das fábricas do período conhecido como Revolução Industrial, visto que, sua jornada de trabalho vem sendo ampliada periodicamente. Enquanto que, o operário do século XXI recebe cuidados como: um profissional de educação física que lhe oferece ginástica laboral, visando a qualidade de sua saúde física e mental, intervalos regulares para sua recomposição e alimentação, normalmente ofertado na empresa e pela empresa, berçários e creches que tranqüilizam o funcionário em relação o novo membro da família, planos de saúde e seguro de vida. Listar os benefícios de um operário contemporâneo faz com que um professor se sinta a deriva.
Já faz algum tempo que o empresariado descobriu que cuidar do funcionário é retorno garantido. Por que será que os idealizadores e introdutores da mentalidade empresarial na educação ainda não pensaram nisso? Por que será que nesse aspecto preferem pensar com a cabeça do empresariado do século XVII?
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